quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Pobreza e Violência

Existe um tipo de idéia bastante comum, principalmente nas faculdades de ciências humanas e na mídia de um modo geral, de que os crimes cometidos no Brasil decorrem da relação entre pobreza e violência (nas faculdades a explicação superficial ganha contornos bibliográficos). O pressuposto básico para fundamentar a relação pobreza e violência é o de que as pessoas que cometem crimes tiveram uma vida sofrida, sem oportunidades, sem perspectiva de futuro devido a uma sociedade injusta e opressora, restando a elas somente a única e compulsiva opção de se tornarem infratores da lei.
De nenhum ângulo que seja analisada essa hipótese se sustenta.
Quando comparamos países com os mesmos níveis sócio-econômicos do Brasil não encontramos a mesma taxa de violência, como é o caso da Índia e da Romênia que pelo contrário tem índices muito baixos. Outro dado interessante é que as regiões mais ricas como São Paulo e Rio de Janeiro são também as mais violentas, pela lógica as regiões Norte e Nordeste deveriam ser as campeãs em violência já que são as mais pobres.
Não é a pobreza que gera a violência no Brasil nem em lugar nenhum.
Antes de dizer que um sujeito merece ser perdoado porque roubou um pão para comer, devemos nos perguntar porque outros milhares de sujeitos não tem o que comer e nem por isso saem por ai matando e roubando.
O leitor mais distraído percebe as conseqüências imediatas dessa nefasta hipótese: uma atenuação, quando não, isenção da culpa dos criminosos pelos seus delitos e uma transferência da responsabilidade do crime para a “sociedade que o oprimiu”. As vítimas é que são culpadas pelos crimes de seus algozes. Os psicólogos já descobriram que culpar a vítima é o primeiro passo para desumanizá-la e para justificar qualquer violência cometida contra ela como aceitável. Ainda não chegamos a esse ponto, mas na medida em que a sociedade se tornar “responsável” pelos crimes cometidos contra ela, a violência sofrida por cada um de nós será cada vez mais tolerada.

2 comentários:

Anônimo disse...

"Violência tolerada". Parece um termo absurdo, mas é cada vez mais parte da realidade. E aceitar isso tudo como "normal", isso sim é um absurdo.

Parabéns pelo artigo Rafa!

Sidarta Rodrigues disse...

parabens pela iniciativa do blog rafael! estarei sempre por aqui. grande abraço