sábado, 5 de abril de 2008

Escrito na Areia


"A verdade hoje em dia é como palavra escrita na areia: por mais forte que seja a escrita, a menor onda a apaga..."
Eu diria que até na areia está difícil de escreve-la. Quem ousa falar em verdade em tempos de relativismo? É quase uma proibição, se tornou um tabu.
Quais as consequências de um mundo sem verdade, ou mundo onde cada um tem a sua "verdade"?

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Associação de Eventos.

Quando associamos eventos sem nenhuma conexão os resultados podem ser desastrosos, principalmente quando eles geram crenças disfuncionais prejudicando nossas emoções e comportamentos. Será que somos capazes de descobrir quanto de nossas atitudes e crenças são fundadas em experiências equivocadas e disfuncionais?

Ao investigar a origem de algumas de nossas crenças e reconhecer que elas prejudicam nossa forma de interpretar a realidade, estamos prontos para questionar a validade delas e modificá-las.
Não é um trabalho fácil e na maioria das vezes não pode ser feito sozinho. É difícil reconhecer que as coisas que acreditamos são em grande parte responsáveis pela maioria dos nossos problemas. O que dizer então de mudar crenças adquiridas desde muito cedo.
Mas será que, mesmo sabendo que o sexo não está no cotovelo e que isso foi uma associação errada de eventos que fizemos, continuaremos pedindo perdão ao colocá-los sobre a mesa?

domingo, 30 de março de 2008

Os Estereótipos em Anos Incríveis

No meu tempo de criança, como se diz em baianês, era “de lei” ligar a televisão na TV Educadora às oito da noite e acompanhar as incríveis histórias de Kevin Arnold. Nunca encontrei pessoa que não tenha gostado dessa série, pelo contrário, os nostálgicos são muitos.

Estereótipos presentes na série:

Cenário: Típico subúrbio americano dividido em quadras com largas avenidas e casas padronizadas com jardins grandes.
Pai: O veterano da guerra da Coréia é homem de poucas palavras, empregado de uma firma de movéis. Não tem tempo para nada e vive enrolado com as contas da casa, principalmente com os tributos do estado. Muito admirado por Kevin.
Mãe: Dona-de-casa que vive para cuidar dos filhos e da casa. É bonita, amorosa, cozinha bem e nunca levanta a voz para o marido.
Irmã mais velha: Usa roupas alternativas estilo New Age, é contra a guerra do Vietnã e carrega todos os ideais da juventude de 1968: seria uma espécie de hyppie-chique. É retratada como uma pessoa muito distante de Kevin.
Irmão: É mostrado como um estúpido, burro, ignorante, cujo único objetivo na vida é bater e brigar com o nosso herói.
Melhor amigo (Paul): Judeu, alérgico a tudo, usa óculos maior do que o rosto, desengonçado, tira as melhores notas da escola e nunca faz nada de errado: um autêntico Nerd.
Winne Cooper: O primeiro amor de Kevin. É idealizada. Bonita, inteligente e incompreensível. É fisicamente maior que Kevin e de fato eles não terminam juntos.

Em psicologia social pesquisadores constataram que a maioria de nós exibe um viés personalista, ou seja, tipicamente nos classificamos como melhores do que a média da população.
A estereotipização dos personagens pode derivar da narrativa tendenciosa do protagonista que categoriza seu meio social e as pessoas significativas na sua vida, mas não atribui a ele mesmo nenhum estereótipo. Esse processo de categorização dos outros é feito por nós a todo o momento e isso pode explicar porque simpatizamos tanto com Kevin.
Como nos lembramos da nossa infância? Somos heróis em um meio físico e social estereotipado, mediano? Lembramos de nós como sendo acima da média tal qual indica a tendenciosidade personalista?

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Pobreza e Violência

Existe um tipo de idéia bastante comum, principalmente nas faculdades de ciências humanas e na mídia de um modo geral, de que os crimes cometidos no Brasil decorrem da relação entre pobreza e violência (nas faculdades a explicação superficial ganha contornos bibliográficos). O pressuposto básico para fundamentar a relação pobreza e violência é o de que as pessoas que cometem crimes tiveram uma vida sofrida, sem oportunidades, sem perspectiva de futuro devido a uma sociedade injusta e opressora, restando a elas somente a única e compulsiva opção de se tornarem infratores da lei.
De nenhum ângulo que seja analisada essa hipótese se sustenta.
Quando comparamos países com os mesmos níveis sócio-econômicos do Brasil não encontramos a mesma taxa de violência, como é o caso da Índia e da Romênia que pelo contrário tem índices muito baixos. Outro dado interessante é que as regiões mais ricas como São Paulo e Rio de Janeiro são também as mais violentas, pela lógica as regiões Norte e Nordeste deveriam ser as campeãs em violência já que são as mais pobres.
Não é a pobreza que gera a violência no Brasil nem em lugar nenhum.
Antes de dizer que um sujeito merece ser perdoado porque roubou um pão para comer, devemos nos perguntar porque outros milhares de sujeitos não tem o que comer e nem por isso saem por ai matando e roubando.
O leitor mais distraído percebe as conseqüências imediatas dessa nefasta hipótese: uma atenuação, quando não, isenção da culpa dos criminosos pelos seus delitos e uma transferência da responsabilidade do crime para a “sociedade que o oprimiu”. As vítimas é que são culpadas pelos crimes de seus algozes. Os psicólogos já descobriram que culpar a vítima é o primeiro passo para desumanizá-la e para justificar qualquer violência cometida contra ela como aceitável. Ainda não chegamos a esse ponto, mas na medida em que a sociedade se tornar “responsável” pelos crimes cometidos contra ela, a violência sofrida por cada um de nós será cada vez mais tolerada.